março 28, 2009

A visita do Papa a Angola: Sucesso, a preço da ingenuidade

Esta se vivendo atualmente no mundo, um estado de espírito diferente. Ele esta se fazer sentir com mais acuidade nos Estados Unidos da America. Este fenômeno chama-se “Efeito OBAMA”.

Enquanto pensava-se que este efeito era apenas dos Democratas, os Republicanos sentem-se também contagiados. Assim sendo, o mesmo atravessou o oceano Atlântico e se manifestou em Angola, que se tornou o El Dourado para muitos ocidentais que já nem hesitam em passar noites nas filas para pedidos de vistos de entrada, nos Consulados de Angola (o caso dos Portugueses) que procuram sair dos seus países, para se livrar da desolação que o seu sistema econômico produziu.

Será esse, um sinal de declínio da civilização ocidental?

Esta afirmação parte duma constatação simples: O mundo em que vivemos está sofrendo. Se no passado a crise era sinônimo de peste para os países do terceiro mundo, de a um tempo para cá, a crise afeta os bastados detentores do sistema financeiro e econômico moribundo ocidental. Se ontem a crise era moral, espiritual, nos dias de hoje ela afeta os ocidentais naquilo que é a sua arma secreta, a sua arma fatal: O Dinheiro (Money).

Para se saírem dessa, uma estratégia foi traçada: Encontrar uma alternativa com os Africanos, em África; com este povo dotado de sete (7) vidas; este povo cuja arte de sobreviver os ajuda a travessia do deserto que os permitiu passar por:
Quase-exterminação (trato negreiro, colonização, guerras fratricidas, genocídios, calamidades, etc. e está sempre de pé {a travar ou parado, depende como cada um vê a vida do Africano em África.!!}).
- As riquezas exploradas de maneiras a constituir as reservas no ocidente continuam, mas talvez sabem também, que mesmo as reservas acabam!

É esta a realidade que fascina o mundo atualmente. “Foi assim que diante desta realidade, Obama durante a sua campanha presidencial repetia o seu Slogan irresistível: “Yes We Can”- Sim, Podemos”, Os Americanos Não tiveram outra opção senão entoar com ele este celebre Slogan. E para fechar (como se isso não bastasse), atualmente, o partido Republicano escolheu também desta feita, um negro (Michael Steele), como seu cavalo de tróia.

Os Afro-Americanos talvez se passassem disso. Mas Obama não esqueceu ao lhes fazer lembrar daquele momento histórico, como repetiu no seu discurso de investidura:
“o ato que estou realizando hoje, parecia impossível a 60 anos, para uma pessoa de minha casta, pois nem mesmo num restaurante podia ser servido”... rematava assim o atual presidente dos Estados Unidos da America. Nesta óptica, o mesmo teste tinha que passar com os Angolanos.
Em Angola, enquanto o ocidente sofre de dificuldades em atingir um crescimento econômico viável, este país tem o seu crescimento na media dos 20 %!
Perante esta realidade fascinante, o mundo ocidental se interroga do que se terá realmente ocorrido. Será que os Angolanos entendem o que se passa?
Estão realmente ao corrente desta nova realidade?
Sabem que eles (os Angolanos) têm agora a oportunidade de serem donos do seu destino?

Se a colonização teve o seu sucesso por causa da evangelização de missionários, agora era sem tempo saber, se os Angolanos (e Africanos duma maneira geral) podem através de meios próprios, saírem (ou começar a sair) do marasmo de desenvolvimento em que ainda se encontram mergulhados.

Ao analisar a recente visita de Bento XVI a Angola, algumas questões pertinentes subsistem no intelecto de Angolanos atentos a estes novos ventos que pairam sobre este país. Senão vejamos:

Em 1992, Angola saía duma guerra fratricida depois de assinados os acordos de Bicesse. Foi durante àquele período de paz frágil que o Papa João Paulo II decidira visitar Angola.

Para quem está imune de amnésia, recorda que naquele ano, muitos Angolanos clamaram de viva voz que “O Papa veio trazer a paz a Angola”. Estávamos no mês de Junho. Infelizmente, no fim daquele ano (1992) a guerra recomeçou com mais violência como nunca antes.
- 17 anos mais tarde, é o Papa Bento XVI que se rende ao nosso país, depois de os Angolanos porem fim a uma guerra fratricida em 2002; como resultado de encontros realizados entre si, mesmo dentro do país.

Os Angolanos estão atualmente apostados no desenvolvimento do seu país como nunca antes. Depois de se reconhecerem os resultados do crescimento econômico e ter suscitado uma certa admiração (mesmo se ainda não refletem no dia a dia da maioria dos Angolanos) ao ponto mesmo de o país servir de El dourado para os Ocidentais e Asiáticos (Portugueses e Chineses na sua maioria). É justo afirmar que muitos ainda têm uma memória curta, pois não obstante os fatos aqui mencionados, muitos Angolanos ainda se deram a pena de evocar “Papa Bento XVI, abençoe Angola”. Isso como se tratasse de pedir ao Papa, o aval da “paz” que já se vive em Angola!

Essa entre outras, são perguntas justas que os homens e mulheres livres podem debater respeitosamente.

Durante a sua estadia no país, Angolanos demonstraram a sua maturidade face ao evangelho, mas fariam mais se ao fazerem uma analise retrospectiva da fé Cristã, ao dissecar as partes sombrias, pedissem reparações para que a Igreja católica Apostólica Romana se livre da sua consciência coletiva, das nodoas deixadas pelos Missionários. Porque muitas vozes se levantaram para clamar o respeito do reino “Kongo e seus sujeitos”, quando os Ocidentais procuraram se aproximar da África, é justo perguntar, como é que este Reino foi recompensado pelos seus “bons serviços”?
1-Um dos Reis decapitado, o Rei António I, cuja cabeça fora exposta na igreja de Nazaré em Luanda, para os autores de aquele macabro ato celebrarem a Victoria (?!)

2 - Uma das suas filhas fora queimada viva, por causa da sua fé. Trata-se da Kimpa Vita, Dona Beatriz. Limitamo-nos citando estes dois feitos, para não alongar a lista; deixando bem claro que os descendentes destes Mártires vivem atualmente, se alimentando sempre de sua historia. Porque se, não se pode apagar uma historia, pelo menos pode-se reparar o mal, através de gestos humanísticos, até porque Deus, o Criador de tudo, deu-nos um dom, o de PERDOAR.

Procuremos não deixar o preço da ingenuidade ditar supostas bênçãos, partindo do principio que cada povo só é respeitado quando se afirma por meios militares, culturais, espirituais, econômicos, financeiros e científicos próprios.

Angola pode ser esta nação: Forte-economicamente; forte-militarmente; forte- espiritualmente; forte-cientifica e culturalmente. “Yes We Can” – Sim, Podemos !

novembro 05, 2008

Mensagem de Esperança contra tacticas de intimidação

Por: Avelino A. Calunda

"A propaganda negativa politica foi exagerada. Os dísciplos de Carl Rove conseguiram até convencer muitos Americanos que Barack H. Obama é Musulumano (como se fosse crime, ser praticante da fé Islamica).

"Barack Hussein Obama, o Marxista, Musulumano, amigo de terroristas. O inimigo de Israel pode ser eleito President dos Estados Unidos da America...etc. "Todos panfletos de marketing politico, tinham como objetivo, intoxicar os eleitores Americanos, persuadindo-os a não votarem a favor Obama!

Uma página entrou na historia politica daquele país e do mundo, ao se eleger o primeiro presidente não branco (filho de pais mistos: pai negro do Quénia e mãe branca de Kansas-USA).

O facto mais relevante foi o de os eleitores terem ignorado a propaganda negativa engajada pela campanha de McCain e os grupos independentes que lhe apoiaram, ao longo deste ímpar evento, na historia politica dos Estados Unidos da America.

A táctica de Carl Rove, acabou em brecha, por causa do trabalho fantástico, feito pelo senador (agora presidente-eleito) Barack Hussein Obama, que teve uma equipa disciplinada ao longo de toda campanha para a eleição presidencial.

O suposto génio de Carl Rove em destruir o carácter dos opositores (Character assassination) desapareceu em fumo!

O modus Operandi de Rove consiste também em opôr segmentos da população contra outra,
ao fabricar factos ..., e.g: conservadores contra liberais, negros contra brancos; cristãos contra judeus; Hispanicos contra Negros, Cristão contra o Diabo ele mesmo ... em fim ... muita intoxicação!.

Os subalternos de Carl Rove serviram-se das estações de radios independentes de ultra-conservadores (Sean Hanity, Rush Limbaugh etc.) para difundirem a sua propaganda negativa contra o presidente-eleito. Tentaram a todo custo utilizar um dos seus nomes (Hussein), para convencer os eleitores menos instruidos (sobretudo a franja que representa a maioria do eleitorado dos republicanos).

Não obstante a força da máquina de propaganda dos Republicanos, o Senador Barack Obama, foi capaz de exibir uma postura plácida, enquando o seu oponente, o senador John McCain, não parava de apresentar uma postura errática, sobretudo quando a crise financeira se abateu com intensidade naquele país, nos meados de setembro do corrente.

A maioria dos eleitores viram no Senador Barack Obama e o seu running-mate Joe Biden, como personalidades únicas e acabaram por lhes conceder o passaporte para Casa Branca, ao escolherem a esperança, ao ínvez da intimidação. Yes he can!

agosto 14, 2008

NSAKU NE VUNDA, o primeiro Embaixador negro no Vaticano: a 400 anos !...

(Primeira parteTexto original escrito aos 03-20-2008 por: Lusala Nkuka S,J (Doctorando em Missiologia – Universidde de Roma) e Benda Bika.

Ha 400 anos morreu em Roma, o primeiro embaixador negro acreditado no Vaticano. Este embaixador foi o representante do Reino Kongo!

Se programar uma visita a Roma, e tem interesse na historia, procure inserir no seu roteiro de viagem, uma passagem na BASÍLICA de “Santa-Maria Maggiore”. Faça depois uma demanda de visita na Tomba da estatua “Nigrita. É uma tomba dedicada a um compatriota!

Esta historia é pouco relatada (para não dizer, não relatada) nos manuais da nossa historia contemporânea. A 400 anos, em 6 de fevereiro de 1608, morria em Roma,o primeiro embaixador negro Africano acreditado no Vaticano. Chamava-se António Manuel Nsaku NE VUNDA, e representava o Reino do Kongo - Os Mani Kongo.Um Kongo no Vaticano naquela época, como embaixador? Sim.

O envio de um embaixador a Roma era no contexto dos esforços do Rei do Kongo, de se passar de patronagem Português em questões de envagelização. O reino queria entrar em contacto direto com o que atualmente chamamos de Santo Pontífice.

Com efeito, foi pelo reconhecimento de patronagem que os diferentes Papas no Século XV tinham acordado à Portugal e Espanha; o privilegio exclusivo de “expandir” a fé Cristã nas terras por eles “descobertas e conquistadas” (1).

Olivier de Bouveignes sustentara que a falta de patronagem privaria o Reino do Kongo, dos missionários que ele precisava. Como é do conhecimento, a religião foi utilizada como um modelo dinâmico no Reino “Kongo”. É importante lembrar o leitor, que quando os Portugueses embarcaram na Foz do rio Kongo, (encabeçado pelo Diogo Cão) (2) o reino já estava poderosamente estabelecido, Segundo os documentos históricos, o reino era dirigido por um soberano residindo na capital (Mbanza-ya- Kongo). (Mesmo se as fronteiras eram supostamente “flutuantes”, as partes importantes do reino eram consideradas relativamente estáveis compostas de sete localidades:
Soyo, Mpangu, Mpemba, Mbata, Mbamba e Nsundi), nomes que sofrem alterações dependendo das escrituras portuguesas ou Inglesas, para representar o mais correto possível, a pronunciação dos nomes de ancestrais do reino “Kongo”

Os
missionários católicos entram nesta região em 1490. No ano seguinte, Nzinga Nkuwu o rei do Kongo, é batizado sobre nome de Ndo Nzuawu.
Paradoxalmente, o Tutor português, se dedica ao mesmo tempo, nos interesses prosaicos: como o comercio de escravos, do ouro e do marfim. Os missionários converteram-se na sua maioria, em comerciantes e políticos (3).

Nsaku Ne Vunda, como primeiro embaixador negro no Vaticano, em 1608
A abertura de uma embaixada foi solicitada pelos portugueses depois da criação da Diocese do Congo em 20 de Maio de1596. Mas a execução da decisão foi sujeita a muitos entraves, causados por muitos que não queriam ver a soberania afirmada do Reino “Kongo”.

O impasse continuou até a morte do primeiro Bispo (português) de São Salvador ( em 10 de maio de 1602).
Seguindo as recomendações do novo rei de Portugal, Alvaro II, obedecendo ao Papa, o embaixador do Kongo no Vaticano deveria negociar a designação de um novo Bispo em Mbanza Kongo e (outras questões importantes) (4).
Dando-se conta desta missão, num dos artigos do quotidiano Italiano A Republica celebrara o 400o aniversario do embaixador do Kongo, o historiador Pietro Veronese precisa que constavam igualmente, nas missões do diplomata do kongo, a demanda de ajuda do Papa (o Vaticano) o termo do tráfico negreiro (5). ...1-2.
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Referências:
1 - (Cf. J. E. Martins Terra, « O patronato português» in Communio, n° 4, 1992).
2 - Os manuais da histoire relatam falamente da « décosberta do Reino Kongo », como se seus habitantes não exiatiam antes da chegada dos Europeus !
3- Ler a este propósito a obra não concluída de Raphaël Batsîkama ba Nduala.
4 - (Cf F. Bontinck, « O monumento funèbre de '"Antonius Nigrita" em Roma, na Revista do clérigo Africano, 1951).
5 -"Un nigrita alla corte del papa", in La República edição de 08 janeiro 2008 .

junho 08, 2008

Nos Estados Unidos da America: Tudo é possivel!

Por: Avelino A. Calunda

Tendo seguido desde o ínicio, as eleições primárias do "Democratic Party" (USA) e visto o interesse global que elas criaram, fiz um rescaldo que decidi partilhar com os visitantes deste Blog!

Esta foi uma eleição primária democrata que a Senadora Hillary Clinton podia e deveria ter ganho, mas que por enquando, ou seja desta vez pelo menos, e por um triz, faria algo que nenhuma mulher chegou de realizar naquele país: disputar a nomeação a presidencia dos Estados Unidos da America.
O género não é necessariamente a causa da perda da nominação democrata.
Posso enumerar entre outras, seis (6) razões da sua derrota:

1. Hillary Clinton tentou demonstrar ao longo da sua camapnha (que durou mais de 16 meses), como a candidata de experiência ao passo que a vasta maioria do eleitorado espera/va mudança. Ela desperdiçou recursos e muito tempo tentando convencer o eleitorado democrata que ela é mais experiente, enquanto que mais de dois terços de eleitorado quer/ia mudança. Infelizmente, quando deu conta destes factos, já era tarde e no fim do jogo, o senador Obama já tinha ocupado e ganho terreno.

2. O ambiente politico desta camapanha primária-presidencial foi muito diferente com a de 2000 ou 2004. Naquelas eleições o eleitorado precisava de um candidato resoluto e que representasse força. O país, precisava de uma figura paternal. Actualmente o povo e o país está a busca de um candidato que representa a reconciliação, alguem que seja capaz de unir o país, ou alguem com uma postura de mãe. O país queria duma mãe, Hillary apresentou-se como pai. Ela tentou mostrar que ela é dura enquanto os eleitores estavam a espera duma mãe com sensibilidade.

3. As campanhas presidencias duma maneira geral e em quase todos países, consistem em entender as aspirações do eleitor e desta maneira serem motivados a votarem na esperança. Em relação este aspecto, Hillary fez um tremendo trabalho ao lembar o eleitorado sobre as incertezas do futuro, mas pecou por não ter posto mais enfâse na esperança (Hope). Ela deixou-se confinar na equação do medo, enquanto a população queria que ela passasse aquela fase, num dado momento.

4. O Director de camapnha da Senadora Hillary Clinton baseaou a sua estrategia de campnha na ideia de que a mesma seria curta, ao contar sobretudo, nas victórias nos estados que dão mais delegados na convenção Demcrata.
Contráriamente a isso, a campanha foi mais longa do que esperavam, o que implicou que cada estado, não importa a sua grandeza em termos de delegados, era importante considerar todos estados sem discriminação. Como consequência, a sua equipa ficou desprevenida e não foram a tempo de re-equipar os grupos de trabalho, face a nova realidade que emergia.

5. Hillary Clinton não se separou o suficiente do seu marido (Bill Clinton) ao longo da campanha. Os eleitores em muitos aspectos, esperavam que ela se afirmasse por mérito próprio, sem contar muito com presença imposante do marido nos comicíos, todo ao longo da campanha, por ser ela que estava a concorrer para a presidencia. Isso porque cada vez que o marido aparecia, para muitos eleitores, ela aparecia fraca, e incapaz de ser ela mesma. Em muitos comicíos, o Bill parecia que era ele que estava a concorrer!

6. O país está/va a espera de algo novo, que tenha consonância com a nova geração, isso é, para os eleitores nos seus 30 (a geração pós 11/9...). O Senador Barack H. Obama foi capaz de representar a esperança na percepção da maioria dos eleitores nesta faixa étaria . Hillary não foi capaz de o fazer.
Como análogia, diria que o Senador Obama é da geração IPOD enquanto Hillary faz parte da Geração-Walkman. O Walkman é facil a usar e funciona bem - tambem; Apenas que não tem as mesmas funcionalidades.

Obviamente, esta é apenas uma parte da lista das causas que estão na origem da perda da eleição primária da senadora contra Obama. É por isso importante realçar o sucesso na estrategia de campanha do senador Obama, na maneira como comunicou a sua mensagem para mudança (Change).

Em situação normal, esta eleição democrata estava ao alcance da senadora Clinton, não importa quem fossse o oponente.
Para se repôr depois desta perda eleitoral, numa camapnha virtualmente ganha de avanço, as razões da perda não deveriam ser atribuidas a imprensa "misoginia" (como muitas feministas estão alegando), até porque Obama não foi visto como alguem de significante para fazer frente a uma “Political Power house” familia politica redutável nos USA, nos ultimos 20 + anos.

Espera-se que se tirem boas lições desta historica eleição primária democrata e que da próxima vez, se confirme uma mulher na final, e quiça, no comando dos USA!

Não obstante tudo o que ocorreu, ela merece o devido respeito, por ser a primeira mulher a chegar até onde chegou, do mesmo modo que se deve reconhecer a fineza politica do senador Barack H. Obama, ao ser o primeiro African–American a disputar as finais duma eleição presidencial; naquele país!

Agora uma pergunta fica no ar:
Dado que foi o primeiro passo, estão os Americanos, na sua maioria, realmente prontos a aceitar Barack Hussein Obama como seu “Command-in-Chief” Comandante-em-Chefe?

Eu ouso dizer que sim!
contrariando o cínismo que infelizmente ainda perdura em muita gente, o que eu chamo de pessimísmo crónico, quanto a uma tal possibilidade.

Nunca é demais lembrar-se que: Naquele país, tudo é possivel!

fevereiro 05, 2008

Tempos de mudança de “mentalidade de escravo”

Por: Avelino A. Calunda
Trinta e dois anos depois da independência, a penumbra da mentalidade de escravos ainda persiste. As implicações de efeitos pós-colonial deixaram traços no subquociente de muitos Angolanos o que tem em grande parte, impedido a consciencia colectiva avançar, para pegarmos em mão o nosso destino nas esferas sociais, economicas, culturais e outras possíveis e imaginaveis.
O complexo de inferioridade ainda próspera em muita gente na nossa sociedade e mesmo (infelizmente), para muitos que têm ou tiveram a possibilidade de viver (por muitos anos) em países "desenvolvidos".
Essa é infelizmente, a realidade que temos que enfrentar. A guerra fratricida que terminou apenas a cinco anos atrás, depois da independência, também não facilitou a que a maioria do nosso povo e muito particularmente, as gerações dos anos 70 e 80 (sem falar das precedentes), ultrapassassem este estado mental deplorável. Mas agora é já é tempo de dar conta que os tempos mudaram, que vivemos noutra época, em que cada indivíduo deve ser julgado pelos seus feitos/actos e não apenas pela sua pigmentação.

Nos últimos 15 dias a selecção Angolana de futebol trouxe alegria a todos Angolanos (e não só), como fruto do trabalho árduo de todos quantos têm trabalhado e ainda trabalham para obter tais resultados; os jogadores como equipa e o seu treinador, o Sr. Oliveira Gonçalves, em particular!

Curiosamente, ao visitar alguns fóruns na NET onde muitos deixam as suas opiniões, aparecem muitos compatriotas a sugerirem que o treinador actual deve ser substituído por um treinador Português, para supostamente atingirem-se melhores resultados. Deixam entender que o treinador nacional não é capaz de fazer o mesmo ou melhor que um treinador estrangeiro. Outros pensam mesmo que é a sorte (!) que tem permitido o Sr. Oliveira, obter os resultados que todos nós temos observado! Muitos talvez desconhecem que foi sob sua direcção que a selecção nacional esteve presente no mundial que realizou na Alemanha, para além doutros feitos, como a selecção de juniores, com a qual obtera o titulo Africano!

Para quem não sofre de amnésia, recorda que tivemos desde 1975, treinadores de países como o Brasil, e mesmo de nacionalidade Portuguesa, mas que nunca se chegou a obter resultados comparáveis!
É oportuno aqui realçar que das modalidades na qual o nosso país granjeia respeito e se impõe no continente: o Basket e o Andebol, os treinadores são todos nacionais. Só este facto, deveria ser suficiente para sermos positivamente orgulhosos dos técnicos nacionais!
Essa mentalidade é tão perniciosa e faz com que se mantenha em muitos Angolanos a "mentalidade de escravo", que ilude que só um treinador europeu/branco é capacitado de elevar a nossa selecção nos patamares do desporto (futebol) Africano e do mundo?

A preguiça intelectual que muitos sofrem, faz com os Europeus vejam os Africanos/Angolanos, em muitos aspectos, como menos valiosos e irrelevantes. Este auto-imposto complexo de inferioridade tem causado danos irreparáveis na nossa gente, mais do que o racismo branco, propriamente dito.
Nos negócios, também idem. Muitos preferem fazer negócios com o homem branco, com premissa de nós os negros não somos capazes de desenvolver ao cooperarmos entre nós; ao mesmo tempo que aceitamos (é claro), a parceria com Europeus, Americanos ou Asiáticos.

Por fim, enquanto entretermos tais crenças de inferioridade, não encontraremos a saída desta penumbra, para atingirmos a verdadeira independência. Neste sentido, a culpa não é necessariamente dos filhos dos ex-colonizadores, se continuarmos não valorizar o que temos de melhor.
Por esta e outras razões, é urgente a mudança de "mentalidade de escravo" que impede o desenvolvimento em diversos dominios no nosso país.

janeiro 05, 2008

Obter a maioria de votos do povo não é garantia para ganhar a presidência!

Por: Avelino A. Calunda
2008 já é e será ainda mais, um ano de muitas decisões de jogos políticos. Em Angola, vários partidos vão concorrer nas eleições legislativas de 5 e 6 de Setembro (como anunciado), para obter representações no Parlamento Nacional.

No Quénia já se realizou a eleição presidencial e nos EUA começaram as maratonas eleitorais que vão culminar com a escolha de delegados que terão o mandato de eleger o candidato a concorrer as presidenciais neste mesmo ano. Em fim, um ano de muitos eventos políticos.
Para tal é necessário que nós Angolanos, por estarmos no inicio da experiencia democrática, acompanhar com interesse o que se está passando noutros países e particularmente nos Estados Unidos da América, país de referência […] quando se fala de democracia.

No sistema de eleição presidencial dos EUA, a maioria do voto popular não é garantia da vitória.
Dada a obsessão do governo Americano em advogar pelas eleições […] noutros países, e visto a época da eleição presidencial naquele país, achei pertinente trazer aos leitores deste espaço, uma síntese sobre o sistema de eleição presidencial, nos Estados Unidos da América.

Ao contrário dos métodos democráticos nos países comparáveis (a França, Alemanha, Índia, Brasil, Holanda Itália...), nos Estados Unidos da América, ter a maioria do voto popular não garante necessariamente a vitória para ocupar a White House (Casa Branca!).

Para se ter uma ideia do que se passa nas campanhas presidenciais naquele país, realizam-se antes das eleições gerais, as chamadas “primaries” (as primárias), todos 4 anos; onde os partidos Democrata e Republicano, elegem os seus candidatos para as finais.
Nas primárias, o sistema de escolha dos candidatos nos dois partidos, tem duas formas distintas, o chamado caucuses *1:

Para os Republicanos, os votantes reúnem-se em pequenos grupos. Cada grupo escuta a posição e argumento do outro e no fim votam em secreto.
O resultado saído deste exercício é que será anunciado ao público e o vencedor destas pré-eleições é que representa o Partido Republicano (GOP- Grand Old Party) nas eleições gerais.


Para os Democratas, o exercício decorre duma maneira diferente; ao invés de grupos, os participantes individualmente espalham-se nos recantos argumentando sobre as suas escolhas, Cada votante presente procura convencer o outro a votar num determinado candidato do partido. Se depois das discussões e votação, um dos candidatos não atingir 15% de votos, os apoiantes do “infeliz concorrente”, são livres de votarem para um outro candidato, que acharem próximo das suas convicções. No final deste acto, realiza-se um voto secreto e o resultado apurado deste exercício é enviado a direcção do partido no estado, para anunciar o vencedor, que é investido no famoso “Super Tuesday”. É de notar que no Partido Democrático, a decisão dos votantes do concorrente que não atingir os 15%, é que determina muitas vezes, o vencedor das primárias do partido.

Agora resta a parte final deste interessante sistema de eleição: a final que opõe o escolhido Democrata e Republicano!
Como mencionado nas primeiras linhas, o vencedor das presidenciais nos Estados Unidos da América, não é determinado pelo voto popular, ou seja, não é o candidato que obter mais votos do povo que ganha a eleição presidencial! Existem casos comprovativos como em 1876, o então candidato Rutherford B. Hayes, mesmo sem ter ganho o voto maioritário do povo, ganhou a presidência!
Em 1888 idem, o candidato Benjamin Harrison, teve o mesmo privilégio.
E já neste milénio e como ultimo exemplo, Al Gore perdeu as eleições contra o actual presidente, George Walker Bush, em 2001, graças a este sistema de Colégios Eleitorais.

O sistema é assim organizado: Cada Estado tem direito a um determinado número de colégios eleitorais. Este número vária de acordo com sua população. Os colégios eleitorais são distritos eleitorais que dividem um Estado. São os delegados destes colégios que elegem o Presidente dos EUA todos 4 anos. Após a votação, um dado candidato vence a eleição de um colégio eleitoral, caso tenha uma pluralidade de votos num dado distrito. No total são 538 colégios eleitorais. Um candidato só vence a eleição presidencial caso tenha uma pluralidade de colégios eleitorais – mesmo que tenha um número total inferior de votos que outro candidato concorrente. Fantástico! Não acham? (…).

Nesta época das eleições presidenciais naquele país, Iowa é o primeiro estado que realizou as primárias, tendo saído como vencedores, o ex-governador Mike Huckabee (republicano) e o senador Afro-Americano, Barack Hussein Obama, (Democrata).
O estado de Iowa mesmo com apenas 97 delegados representados no Colégio eleitoral, serve de trampolim para os vencedores fazerem melhores resultados noutros estados (mesmo se não é sempre o caso). Porém, os estados com maior número de delegados para o colégio eleitoral são Califórnia (614) e Nova York (382).

Final: Este sistema com todas suas imperfeições (diga-se de passagem); é o que os dois partidos dominantes (os únicos que partilham o poder a séculos) defendem, impedindo o surgimento duma terceira, quarta ou mesmo quinta força politica forte, como em França, Alemanha, Itália, Países-Baixos, Índia. Na ausência de mais partidos no mercado politico Americano, a alternativa para um cidadão se afirmar na carreira política, é ser Republicano-Moderado, Republicano-independente; Democrata-Liberal ou Independente.

Visto de perto, aqui em África, e no nosso país em particular, temos muito a aprender com as experiências noutros países, para debater, escolher servidores públicos e governar os nossos países em paz, respeito das opiniões dos outros sem recorrer a violência física, como testemunham os últimos tumultos no Quénia, depois da realização das eleições presidenciais, naquele país Africano. Que haja paz e concórdia.
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Referências:
*1. Sistema instaurado na política dos Estados Unidos em 1796 (nunca foi reformado desde aquela data), permite a realização de encontros de aderentes/apoiantes de partidos políticos para determinar o número de delegados que poderão participar no colégio eleitoral que nomeia o candidato do partido para a eleição presidencial.
*2. Na actual eleição presidencial nos EUA, um dos candidatos democrata, o Representante Dennis Kucinich, antevendo as suas chances limitadas de atingir os 15 % de votos, já tinha dado em avanço, o seu “consigne” de votos para o outro candidato, o senador Barack Hussein Obama.

janeiro 01, 2008

A diferença de prestação de Processadores Intel e AMD?

Por: Avelino A. Calunda
A dias estava falando (pelo telefone) com um amigo que vive em Luanda para que juntos, encontrássemos a via de como podíamos despachar para Angola, os Pcs (umas dezenas) que temos em posse aqui na Holanda, para serem instalados numa escola. A minha grande surpresa foi quando o amigo me perguntou, se os Pcs tinham exclusivamente o processador Pentium 4?

Para ele, só "os Pentium4 é que estão a dar" – querendo dizer que são os que estão na moda!
Estando fora do país por mais de uma década, fiquei entristecido com o fosso de informação que ainda perdura sobre a competição puramente comercial, entre Intel e AMD (Advanced Micro Devices).

Para uma simples explicação, e fazer entender o utilizador comum de computador, a diferença entre um PC (personal Computer) com o processador Pentium (II, III ou IV), e os PCs com o processador AMD, usaria a analogia entre conduzir um Ferrari e um camião Scania de 10 toneladas.


Nesta lógica, o Ferrari seria o PC que trabalha com pentium (II, III ou IV); e o Camião Scania, seria o Pc que trabalha com o processador AMD. Assim sendo, a escolha de um ou do outro, depende muito da finalidade da aquisição do PC. Geralmente, para o pessoal (como eu) que trabalha no grafismo e “webdevelopment”, não há muita vantagem em trabalhar com pentium (pelos menos até ao momento que escrevo sobre este tema), pois ele não é um processador que suporta a carga de trabalhos que muitos softwares de grafismo e arquitectura requerem. Pela experiência própria, notei ao trabalhar nesta área, que ao abrir em simultâneo 6 a 9 programas, os PCs com pentium (s) têm tendência a fazer “o crash”; o que não acontece com os PCs trabalhando com Processadores AMD.

Resumindo, é importante para o consumidor no nosso país dar-se conta do lado comercial destes fabricantes.
O que deve ser levado em linha de conta é que, o pentium é rápido, mas ele não suporta trabalhar com muitos programas de grafismo abertos em simultâneo. E, o Computador com o processador AMD, mesmo não sendo tão rápido no processamento de dados, ele suporta programas de grafismo e arquitectura, sem riscos de CRASH, em pleno trabalho. Dito isto, cabe a cada pessoa, escolher o PC que tem qual dos Processadores. Se é para instalar somente o OpenOffice, MS Office, ou se é para instalar também os Softwares (programas) requeridos nos bureaux de artiquetectura, por exemplo: o AutoCad Professional, Super Architecture 3D ou na área do webdesign: Stylus Studio 2006, Macromedia Studio8, Flash Studio, Corel Paint Shop Pro X, Adobe Illustrator e mais ...
A concorrência renhida entre as duas fabricantes.

Depois de a fabricante norte-americana de processadores Advanced Micro Devices (AMD) ter apresentado em fevereriro de 2005 os três novos modelos da família de processadores para servidores Opteron, chegou a vez de a Intel lançar também a sua nova geração de chips de núcleo duplos, em Agosto do ano corrente (2006), os chamados “Core2 Duo” e “Core2 Extreme” que marcam assim, o fim dos Pentium nos Pcs de usuários, justificando assim, mais uma vez, as batalhas de fabricantes de marcas de processadores.

Tendo falado das diferenças na prestação, é importante agora debruçar-me brevemente sobre os custos de cada uma delas. Em Julho de 2005 a AMD reduziu o preço de suas peças. O Athlon 64x2 5000+, que era vendido a 696 dólares em Maio do mesmo ano, caiu para 301 dólares. O modelo Athlon 64 X2 4600+ foi reduzido em 57%, de 558 dólares para 240 U$D. Enquanto isso, os PCs com processadores Pentium, os preços em muitas distribuidoras oscilam de 995 e 1300 dólares para cima!


Em conclusão, é justo dizer que em muitos casos, as diferenças de prestação se diferem minimamente entre elas e que, é o custo que devia/deve determinar a compra de um Pc equipado desta ou outra marca de processador, sem necessariamente levar em consideração, os slogans que têm fins meramente comerciais.

É da responsabilidade das entidades estatais e privadas criadas para a propagação das Tecnologias de informação e Comunicação; e aos profissionais do IT, interessados em partilhar o conhecimento mais abrangente sobres estas tecnologias com o consumidor no nosso país, informar, para que paulatinamente caminhemos, superando o deficit de informação sobre estas marcas de processadores nos Pcs em Angola.

A escassez de webdesigners profissionais em Angola

Por: Avelino A. Calunda

Para os profissionais ligados a Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no nosso país, particularmente na área de webdesign/developement, é fácil darem-se conta da inexistência na Internet, de websites da maior parte de empresas e instituições nacionais. Os poucos que têm, são raramente actualizados.

Verifica-se depois o facto de alguns destes (existentes) serem meras páginas anexas dentro doutros websites; sendo assim, empresas ou associações e organismos sem domínio próprio. Isso seria como se a título de exemplo, um escritor, ao publicar o seu livro, tivesse que deixar o seu trabalho ser inserido dentro dum outro livro!
Citaria como exemplo, o governo provincial do Kuanza-sul, cujo o acesso as suas páginas (até agora), requer primeiro passar pela (nexus.ao/kuanza-sul), ao invés de, por exemplo: govkuanza-sul.ao ou kuanza-sul.org, o que permitiria o acesso directo a sua página na Internet.

Os outros factos constatados é o da atribuição a alguns organismos de domínios que não correspondem aos objectivos sociais dos mesmos. Nota-se por exemplo que existem instituições religiosas com o domínio .com (quando deveria ser .org); os outros com .net, (quando deveriam ser .gov; .biz; .edu ou então com o código actual de Angola na Internet, que é o .ao). Os outros exemplos que seguem, reforçam as constatações acima enumeradas: tocoistas.com! (quando deveria ser .org, pois refere-se a uma igreja com fins não lucrativos […] ); fafutebol.com! (quando devia ser fafutebol.ao, porque é a federação Angolana de futebol); comunidadeangolana.com!, (quando deveria ser .net, pois trata-se de comunidade!); e assim por diante.

É logico se interrogar para saber, se estas situações são originadas pela (ainda) falta de informação (provavelmente) dos que nestas instituições, se responsabilizam da Comunicação & Imagem, ou se é o espírito de “deixa andar” que origina este estado de coisas? Estas situações, poderiam ser evitadas neste momento. Mas por outro lado é compreensivel que casos como estes ainda persistam em parte, por ainda não existir empresas constituídas em números suficientes no país.
Existem, até a data da escritura deste texto, alguns webdesigners em Luanda que tentam remediar a situação. Numa das passagens do livro das Escrituras e Discursos de Marcus Garvey*1, exorta que: Deus nos fez o que somos e apartir do nosso génio criador, nos definimos o que queremos ser. Que o céu Seje o limite e a eternidade a nossa meta. Não há montanhas que o homem/mulher não possa subir, ao usar a sua inteligência activa incrustada dentro de si. O intelecto humano quando bem nutrido, cria coisas maravilhosas, se não o limitamos”.

Mas contrariamente a essa exortação, dos ainda poucos webdesigners já existentes no mercado nacional, alguns têm que recorrer (de momento) ao uso de trabalhos “pronto a usar”; não para na sua maioria ganhar tempo de trabalho, mas porque se encontram ainda carentes de meios para fazer uma formação adequada de Webdesigner no País ou no exteriror, o que lhes permitiria em grande parte, mais inspiração para desenvolverem trabalhos de raiz.
A área de webdesign requer que o praticante seja também capaz de criar gráficos para os seus próprios trabalhos, evitando desta forma, o uso indevido de obras de criação alheias. Como escreveu num dos seus livros, Booker T. washington*2 : “Não deixe os outros fazer para ti o que você pode fazer para ti mesmo. Não imite, inspire-te dos melhores em todos domínios da vida e crie, inove ! Porque em nenhuma sociedade se respeita o dependente. Criar e inovar - sempre…”.

Ser webdesigner, implica ser criador de estilos próprios, diplomado ou pelo menos com experiência de alguns programas ou ferramenta de webdesign, grafismo e programação: Macromedia Studio8, Stylus Studio2006, HotDog Professional, Photoshop, html, Java script, PHP, Flash Studio e tantos outros actualmente disponíveis no mercado. Estas ferramentas de design profissional de websites, encontram-se a venda, para quem realmente anseia ao profissionalismo nesta classe deTecnologias de Informação comunicação (a Arquitectura Virtual e Interactivo, vulgo – webdesign).
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Para concluir, creio ser justo afirmar que se espera dos profissionais ligados a área de webdesign/developement no nosso país, nos próximos tempos, a tomada de consciência destas falhas, para que se superem erros na implementação de normas profissionais requeridas, ao por exemplo, constituirem-se grupos de trabalhos, o que permitiria expôr as necessidades e solicitar apoios a instituições estatais ou privadas para formação e superação técnica. Essa seria (na minha opinião), uma forma de diminuirmos progresssivamente, a penúria de profissionais em webdesign (Arquitectura Virtual & Interactiva) no nosso país.
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Refêrencias:
*1 – Writings and Speeches of Marcus Garvey (2004 Dover publications, Inc.)
*2 – Up from Slavery - Booker T. Washington – (2000 Signet Classic).

dezembro 31, 2007

«A Lenda do desaparecimento das 12 Famílias de Israel»

por A. António Calunda

O desaparecimento de 12 Tribos/famílias de um povo escolhido é um acontecimento de bastante interesse para cada cidadão deste universo e particularmente para os Angolanos, pois esta história tem haver, de uma forma ou de outra, com a sociedade ou história de Angola. Tantas perguntas e equações não respondidas ou resolvidas. Um tema de bastante importância para toda gente interessada na história humana, nos acontecimentos que ocorreram milhares de anos atrás mas que continuam a determinar o rumo de vida de cada um de nós. Neste documento desejo partilhar os factos recolhidos durante muitas investigações que tenho estado realizando ao longo dos anos, a partir de fontes diversas.
O objectivo que me leva a partilhar estas informações é o de fazer com que tenhamos o conhecimento mais abrangente da nossa história, com a convicção de que este mesmo conhecimento possa servir de armadura mental e psicológica, para proteger a nossa consciência colectiva, contra a encarceração mental e ou o “mind-set” que consiste a perpetuar os povos Africanos no “Gheto” de ignorância do seu passado inspirador. Sou dos que pensam que o conhecimento de nós mesmos, o saber da nossa história numa visão mais abrangente, poderá ajudar a curto, médio ou longo termo, a libertação total das nossas mentes.

Como o malogrado Cantor Bob Marley recitou: "No one will liberate us but ourselves, from the mental slavery”; Ou seja: Ninguém nos liberará mas nós mesmos, da escravidão mental.
Vou utilizar a “Tautologia” Tribos/Famílias com o prَoposito, de indicar ao leitor, o sentido Sagrado do termo Tribo, no contexto Bíblico. Tribo é de facto o conjunto de pessoas de mesmo pai e mãe, ao contrário da conotação negativa que poder soar em algumas mentes. Importa realçar aqui também, que segundo estudos cientificos-linguisticos, na Bíblia, ao lermos: Kem/Kam, (Eethiops) Etiopia, Egipto, Cush, Mizraim significa a mesma coisa. Isto é: Terra de gente de pele queimada/preta ou seja o actualmente chamado continente Africano.Para quem está familiarizado e interessado a este tema, sabe que não se pode enfocar a trajectória milenar do povo Hebraico, sem recorrer ou se basear na exegética.
Apoiando-se para além da Bíblia, nos trabalhos de investigação de grandes nomes como: O do professor Cheik Anta Diop; o historiador e Etnoَlogo Alemão, Léo Frobinius; David Icke (Le plus Grand secret, pag.153); Joseph E. Holloway (Africanisms in American Culture); Flavius Josephe; The Stolen African Legacy; Jesus L’Africain (Melo Nzeyitu Josias); Clarke Jenkins (The black Hebrews of Seed of Abraham), lê-se o interessante e peculiar percurso deste povo.

Todos trabalhos realizados por estes homens de cultura, convergem na revelação da verdadeira identidade e paradeiro das 12 Tribos/Famílias originais de Israel. A abordagem deste tema pode parecer polémico ou controverso para alguns, mas devo sobretudo enfatizar que se trata aqui duma questão de conhecimento geral, ou de cultura geral. Espero que assim seja entendido. E também porque sei que grande parte da boa literatura em particular sobre o capitulo referente a existência dos descedentes directos das 12 Tribos/Familias, estão em Inglês, Francês ou Espanhol, o que limita muita gente amante de leitura no nosso pais, acessarem-se a estas leituras interessantes, ao procurarem entender os porquês de uma série de coisas que não conseguimos saber apreciar.
Para melhor compreender como é que as 12 Tribos/Familias se encontram em África, quando aos olhos do Mundo elas estão perdidas, teremos que fazer algumas paragens na Historia milenar destas Famílias, ao basearmo-nos sobretudo na Sagrada Escritura, neste caso na Bíblia.

I: No livro de II Reis, capitulo 17:6, revela que a aparição de Caucasianos/Europeus na terra de Israel operou-se pouco tempo depois da morte de Salomão. Foi a partir daquela data que as 12 Tribos/Familias de Israel entram numa Era de turbulência, que culminou com a separação do Reino em duas entidades distintas. As Dez (10) tribos/Famílias do Norte (Rubins, Simeon, Levi, Zabulon, Issacar, Dan, Gad, Aser, Nefatael e Josef), e as Duas (2) Tribos/Famílias do Sul (Juda e Benjamim). As Tribos/Famílias do Norte adoptam o nome de Israel e as duas do Sul denominam-se Judía e assim se erga o muro de separação entre as duas partes. Este cismo foi o cumprimento duma profecia que se pode ler no livro de I Reis, capitulo 11 verso 4 até 12.

II: Por causa da sua idólatria, o Reino do Norte composta de Dez (10) Tribos/Famílias (como ja referenciado acima), cai em 772 antes da nossa Era, sobre a dominação do rei Salmanasar, e os leva para o cativeiro em Assíria (I Reis 17: 6 ate 18).Foi a partir daquela data que intervêm o elemento capital para compreender o mistério da existência de Dois (2) Israel (s). Um (1) composto de de estrangeiros/Prosélitas e outro Israel das 12 Tribos/Famílias originais.

III: Os Assírios se Judaízam e Israel é por causa desta ocorrência, Dupla. No livro de II Reis capitulo 17:24 ate 30, revela que o Rei da Assíria fez vir gente de Babilónia, Cutha, De Ava, de Hamath e de Sefarvaim e lhes ESTABELECEU nas cidades de Samaria, em subs-ti-tui-ção dos filhos de Israel. Foi a partir daquela época que os sujeitos do rei da Assíria, que não tinham absolutamente nada haver com a identidade genealógica das 12 Tribos/Famílias de Israel, adoptam os usos e costumes destes últimos, ao começarem pela religião.

IV: Dois séculos depois das Dez (10) Tribos/Famílias do Norte, as duas Tribos/Famílias do Sul caiem por sua vez sobre dominação de Nebucadnetsar, rei da Babilónia e os leva em 538, cativeiro para Babilónia (Salmos 137). Foi sobre estas duas deportações (em Assíria e Babilónia), que se funda a famosa legenda do desaparecimento das 12 Tribos/Famílias de Israel. Mas como muitas legendas, essa é uma falsa legenda que não resistiria para sempre, quando posta a lupa da Historia. Continuemos:

V: No fim de cerca de 80 anos de deportação do povo Hebraico a Babilónia, Deus lhes inspira um libertador em pessoa de Cyrus - Rei da Pérsia (Isaías 45:13 e Esdras 1: 1 até 4). Foi assim que reunidos sobre a liderança dos inspirados Divinos (Esdras, Némias e Zorababel), tomam o caminho de regresso para a sua terra de origem.

De volta para sua terra, eles encontram estrangeiros ocupando suas casas e terras; os desconhecidos nas suas casas... (Lamentações de Jerémias 5:1 até 12). Foi a força destes eventos que justificam a coabitação de dois (2) Israel (s): Um Prosélita e outro De sangue, comprovado pela existência de descendentes directos dos Patriarcas Hebraicos. Se podermos fazer uma analogia com a Africa do Sul (...), naquele territَrio, vivem Sul-africanos de origem Europeia (Holandeses e Ingleses) (...), como resultado de ocupação deste país pelos Holandeses/Boers e Ingleses; e os Autóctones: Zulu, Xhosa, Tswana e Bapedi, grupos de famílias que compõem a sociedade Sul-africana.

Do mesmo, a força dos acontecimentos forçou a coabitação na Africa do Sul (...), de dois povos naquele país Africano (.). Como não cabe ao homem mortal desinstituir, o que o Criador do Universo, o Todo Poderoso institui, as 12 Tribos/Família de Israel não podiam desaparecer. Elas estiveram e estão presentes um pouco por todo continente Mãe-África, tendo mais incidência em Angola.

O facto mesmo de ter sido nesta parcela do continente Negro a sair o primeiro contingente humano para o cativeiro (Jesus L’Africain, Melo Josias), para as terras de longe: Américas, Ilhas das Caraíbas (Deuteronómio 38:68; Sofonías 3:9 até 10), põe para terra toda teoria do desaparecimento dos filhos de Israel. E, não foi fortuito que Theodor Herzl Benjamin Zev, fundador do “National Zionism” e “The World Zionist Organization” propôs em 1903 estabelecer um estado exclusivamente Judaico na Uganda, (G. Neuburger - The difference Between Judaism and Zionism), ou mais concretamente em 1886, com o intuito de fazer a junção com os Dispersos de Israel originais estabelecidos em Angola, um membro eminente da Comunidade Israelita, S.A. Anahory, ter feito uma proposição aos lideres Sionistas, (que estavam a procura de um território para fixar os "Judeus" na época sujeitos a perseguição em toda Europa), uma demanda formal, ao então protector governo Português, a concessão do planalto de Benguela, para instaurar o suposto estado de Israel.

Os esforços incessantes culminaram com a adopção pelo parlamento Português em 15 de Junho de 1912, do projecto de lei baptizado "Projecto Bravo" (consultar o jornal de Angola-nr.66, do dia 17 de Dezembro 1995). Feliz ou infelizmente, a "Jewish Territorial Organization" uma organização então encarregue de encontrar um território de refúgio para os "Judeus", rejeitou esta opção, durante o congresso realizado de 27 a 30 de Junho de 1912 em Viena-Austria.

A justificação plausível da não efectivação destes projectos, só se podem entender, se se darmos a pena, de ver estes episódios, através da lupa espiritual (Apocalipse 2:9; Lamentação de Jeremias 5:10 e Job 30:30) (...). Em outras palavras, para um bom entendedor, poucos indícios bastam, para dar conta de que os autores dessas proposições, foram iluminados e sabiam o que estavam fazendo; tinham pistas da presença dos seus "irmãos" (...) em África e mais precisamente em Angola!

Para o conhecimento mais amplo do nosso património histórico, baseando nas sagradas escrituras e não só; para abrir debates construtivos sobre o nosso tesouro histórico, procurar entender certos factos que podem estar na origem da incompreensão do nosso passado longínquo ou recente, foram assim, aqui resumidas em poucas linhas, a discrição de etapas que estão na base da teoria do desparecimento das familias predilectas [...] de Deus.

dezembro 29, 2007

As consequências duma possível escassez do petróleo

Por: Avelino A. Calunda

Numa entrevista concedia recentemente num dos canais de televisão Holandesa, RTL Z1*, (no dia 22 de Novembro do ano corrente 2007) o professor Americano, Michael T. Klare*2, fez pronunciamentos sobre as consequências da escassez do petróleo nos próximos anos, contra as potências ora dominantes e que actualmente se deparam com o surgimento da Republica da China e Índia como sérios adversários na disputa dos recursos petrolíferos em África.
O professor Michael Klare antevê mesmo a “terceira guerra mundial”, como resultado da disputa no controlo das zonas Africanas ricas em petróleo! (fazendo eco dos recentes pronunciamentos do presidente Americano, George W. Bush).
Ao longo da entrevista o professor fez alusão ao facto de os Estados Unidos e a China, aumentarem o número de acessórios militares nos países Africanos produtores de petróleo, com mais incidência nos últimos anos, por causa da situação menos confortável que se vive (e que se espera por muito tempo ainda) na região do Golfo Pérsico.

A África é vista como um recurso para extração do "ouro negro" para manter o ritmo das industrias naqueles países, o que explica o interesse crescente destes dois gigantes virarem para o continente Africano.

O académico debruçou-se durante um quarto de hora, enfocando o facto de a China usar métodos nunca antes vistos, que consistem em, ao desbloquear bilhões de dólares para determinados projectos, enviar ao mesmo tempo a sua mão-de-obra em massa, nos países Africanos, o que resulta (no seu ver) em tais investimentos não beneficiarem necessariamente os Africanos, o que já está a causar um efeito “boomerang” contra a China em muitos sectores nos países Africanos onde já se faz sentir a presença em peso daquela nação Asiática. “Este facto poderá fazer com que os Africanos revejam eventualmente os moldes de cooperação que muitos governos de países produtores de petróleo assinaram com o dragão vermelho”. Asseverou o entrevistado.

Perante estes pronunciamentos é oportuno nos interrogarmos, e procurar entender se os mesmos reflectem preocupações genuínas a favor dos Africanos ou se são apenas “dores de cotovelo” pelo facto de a África ter tido contactos mais próximos durante séculos e décadas com os países do ocidente e nunca (depois de se livrarem do jugo colonial) ter vivido momentos de alívio económico, como resultado da cooperação com as instituições económicas e financeiras Europeias?

Deixo para reflexão dos meus co-cidadãos, o livre arbítrio sobre os seguintes pontos:

1 – Desde quando a China está fazendo emprestimos avultados para projectos de desenvolvimento em África, e os resultados são visíveis? E se são visíveis, quem são ou serão os beneficiários?

2 – Quanto tempo os Africanos têm estado em contacto permanente com os Europeus e quais são ou foram os resultados económicos e cientificos ganhos pelos Africanos?

3 – No caso particular de Angola, estão os governantes do nosso país cientes do facto que o actual fluxo de Chineses no nosso país, pode ter impacto negativo a longo termo, caso não se tomem medidas preventivas, para que não se repitam os mesmos erros do passado/presente, erros que têm feito com que os nossos recursos naturais sirvam o desenvolvimento doutros povos em detrimento dos filhos deste país?

É urgente que peguemos em mão o nosso destino. Como exortou o Dr. Carter G. Woodson3*:

“Os povos que dependem muito dos outros, nunca têm mais benefícios no fim do que tinham no passado”.

Final: Caminhemos para ao nosso destino que é: A paz, o desenvolvimento económico, científico e espiritual.

O falhado boicote Britânco contra Mugabe

Por: Avelino A. Kalunda

No que se tornou posição tradicional do governo Britânico, o primeiro-ministro Gordon Brown ameaçou não participar na Cimeira Europa-Africa se o presidente Zimbabueano for também convidado a participar!

Por outro lado, e de acordo com alguns analistas económicos, a cimeira prevista para Dezembro deste ano, em Lisboa-Portugal, é uma oportunidade impar para a União Europeia retomar o terreno de negócios visivelmente a ser ocupado pela Republica da China, cujos laços com a África subsaariana nos últimos dez anos, tomou proporções inquietantes para os Europeus.

O que é verdade é que as trocas comerciais da China com a África começaram dos dez mil milhões em 2000 para quarenta mil milhões de Dólares Americanos em 2006, enquanto continua inexorável a expandir as suas influências em África com mais agressividade, cada mês que passa. A presença da China em peso na região Sub-sahariana deste continente tem contribuido no crescimento [...] económico desta ultima; e curiosamente, a China tem como objectivo ajudar zimbabwe, ao inclui-lo no conjunto de projectos que tem para a África, o que em última análise nulificam as ameaças do governo Britânico em boicotar a cimeira.

A luz desta realidade, a maioria dos governos membros da União Eurpeia não estão a ver de bons olhos (nem mesmo ouvidos), a posição paternista do primeiro-ministro Britanico.Porém em 2003, a pedido do governo Britanico liderado por Tony Blair e alguns membros da União Europeia, o boicote da conferência teve efeito, por causa do convite que tinha sido endereçado a Mugabe.Mas em poucos anos, o contexto geopolitico mudou a percepção que maioria dos membros da União Europeia tem do seu destino económico. Desta feita, e como em 2003, a maioria dos lideres Africanos juraram unir vozes a favor do governo/povo zimbabweano!

O presidente Zambiano, Levy Mwanawasa por exemplo, afirmou que não participaria na cimeira se o presidente democraticamente eleito não for convidado no evento. O presidente Zambiano lidera o grupo de catorze (14) nações Africanas envolvidas no processo de ajudar aquele país irmão a sair da crise economica sem precedentes em que se encontra. “Não irei a Portugal se o presidente Mugabe não for autrizado a participar no evento, e não vejo como é que os demais presidentes prepararão as suas participações no mesmo, sem um dos seus,” asseverou o presidente Levy Mwanawasa. E mesmo se isso não apareça como surpresa, o facto interessante é que já há dirigentes Europeus que considerarem o comportamento do primeiro ministro Britanico, Gordon Brown, de retrogrado.

Para o comissário Europeu, Louis Michel, “esta não é uma cimeira União Europeia-Zimababwe. É sim, África-Europeia, que pode e vai tratar de questões estratégicas.” Como relatado num dos artigos publicado em 20 de Setembro do corrente, na Reuters África, uma fonte diplomática portuguesa próxima da presidência Europeia, manifestou posições análogas. No referido artigo, foram publicadas passagens como: “Será muito difícil não convidar Mugabe. Se isso for o caso, muitos líderes Africanos boicotarão pura e simplesmente a cimeira, o que causaria embaraços sérios nos planos da União europeia em relação África.”

Obviamente, Portugal que preside actualmente a União Europeia, vê a realização deste evento como um sucesso da sua presidência e tem por estes motivos (e outros), feito o máximo para que esta cimeira tenha lugar com ou sem Gordon Brown. Assim sendo, conclui-se que não serão as ameaças da não ida do actual primeiro-ministro Britânico que impedirão a realização do tão esperado encontro. De acordo com a mesma fonte (relatado no artigo), “Brown não estará em posição política para participar na cimeira. A questão que se põe é se pelo menos o governo Britânico será representado, ainda que a nível inexpressivo.”

Conclui-se por isso que nada indica, segundo estas citações, a mais um cancelamento da cimeira Europa-Africa.

Numa análise final, esta situação reforça e vindica os pioneiros da união união Africana como: Marcus Garvey, Kwame N’Krumah, Leopold Sedar Senghor e os que advogaram e ainda advogam a neessidade da União dos Africanos: Aimé Césaire, A. Agostinho Neto, Cheikh Anta Diop, Louis Farrakhan, van Sertima, Dr. Cornel West …

Seria um tributo a todos que consagraram parte do tempo das suas vidas para este continente, ver a África neste período geopolítico volúvel, começar a entender que a UNIÃO é uma das chaves para o respeito dos povos Africanos.

junho 17, 2007

O tempo da cooperação Afro-Americana Africana

Por: Avelino A. Kalunda

É actualmente uma realidade que a África está sendo (como se não fosse o caso, durante séculos!) o continente de passagem obrigatória pelos governos das nações tidas como fazendo parte do primeiro mundo e não só. Houve uma mudança na percepção de África, na opinião dos países ocidentais e Asiáticos, passando pelo genocídio no Rwanda, Darfur, até a victória do povo Sul-Africano, no desmantelamento do sistema do apartheid; na luta pela abolição do famegerado comercio de “Diamantes de Sangue” e a consequente preocupação para manter a estabilidade politica nos países em desenvolvimento no continente.

Há razões ecónomicas e estratégicas neste interesse pelo continente. Um deles tem haver com os recursos naturais ainda por explorar, que abundam no subsolo de certas regiões deste continente e que são de importância determinante para manter o funcionamento das indústrias naqueles países. Exemplo: O petroleo. A crescente influência da República Popular da China neste continente, é uma prova inequívoca.
A China aumentou a sua presença em Africa, o que tem deixado os Estados Unidos e os seus aliados Europeus, em estado de desespero. Alguns especialistas em relações internacionais e analistas económicos Europeus e Americanos, já começaram a apontar dedos a “Bodes Expiatórios” sobre esta nova realidade concretizada nos últimos 7 a 10 anos, ao declarem por exemplo, que foi a negligência do governo Americano e dos seus aliados Europeus, que permitiu este surgimento “súbito”(?) da China, no que tudo indica, custamava ser (…) o “pré-carré” Europeu, durante séculos e mesmo depois das “independências” de muitos estados Africanos.

Pelo que tudo indica, os grandes conflictos em África são casos em que aqueles países querem também fazer parte na resolução dos mesmos, agora e no futuro. Isso é o que explica por exemplo, as declarações recentes do actual ocupante da “White House”, o presidente Jorge W. Bush, tomar posições públicas a favor deste continente (ainda que aparentemente (?) de forma decorativa […] ). Para os Afro-Americanos e os Africanos: Chegou o tempo de cooperação! Neste momento, muitos Afro–Americanos, consideram esta fase de ímpar, no estreitamento das relações entre os estados Unidos da America e o continente Africano.
A natureza das relações entre os Afro-Americanos e nativos Africanos é muito complexo. Ambos olham para cada lado com admiração mas também com disconfiança. Mas não obstante estes sentimentos conflictuosos, o futuro de Africa vai também jogar a favor ou contra o futuro dos negros Americanos, porque no mundo global na qual vivemos, o futuro de cada povo, está interdenpendente do outro.

Nos estados Unidos da America houve e tem havido debates entre os Negros Americanos, discutindo sobre a possibilidade de muitos deles se estabelecerem na terra Mãe/África ou ajudar mais significativamente os seus irmãos e irmãs que aqui vivem. A história ensina que sem recursos e influência necessárias para que isso aconteça, não se conseguirá resultados visíveis ou não pode nem ocorrerá absolutamente nada. Mas os tempos mudaram e continuam mudando.
Com o aumento da influência politica e do poder económico, a comunidade Afro-Americana, começa a criar as suas influências nas regiões que eles consideram de muito importantes no futuro próximo. Como prova disso, o congressista Afro-Americano, Donald M. Payne - Democrata presidente do Sub-Comité para a África e membro do Comité dos Negocios Estrangeiros, ao longo dos anos, pressionou a que muitos investimentos fossem feitos não sómemente nas infrastructuras mas também, nos recursos importantes destas nações, que são os seus povos, e em particular na juventude, como força motriz de qualquer país.

Na vertente económica, personalidades influentes Afro-Americanas como o Sr. Robert L. Johnson, encabeçou recentemente uma delegação de homens de negocios para Liberia. O objectivo principal da referida visita foi de estabelecer um diálogo com a presidente eleita do país, Ellen Johnson-Sirleaf, sobre as oportunidades de negocios naquele país Africano depois de muitos anos de Guerra que delacerou o país (a exemplo de Angola). Esta viagem é um sinal de que depois de muitos anos de “sonolência”, a Dispersão Africana nos Estados Unidos da America, começa a dar conta do recado, sobre a importância que as outras nações têm estado dando a África .

Não obstante o desinteresse aparente dos negros Americanos em relação a terra dos seus ancestrais, houve sempre vozes que se lavantaram, para activar uma cooperação mais efectiva. Dentre muitas destas personalidades, destacam-se o Sr. Andrew Jackson Young, Jr., o carismático Louis Farrakhan e tantos outros anónimos que raramente passam na emprensa predominante no país do ‘uncle Sam” (para não falar dos mídias aqui em Africa).

Em relação ao sector de ensino, um dos símbolos de sucesso e excelência Americana, a Sra. Oprah Winfrey investiu 40 milhões de Dolares na construção na Africa do Sul, duma Instituição de Ensino denominada: “The Oprah Winfrey Leadership Academy for Girls”, aberto recentemente, destinada a meninas vindas de familias desfavorecidas mas com bom aproveitamento escolar naquele país. A referida escola, recheada com os últimos meios de tecnologia que uma instituitição moderna deve ter, constitue um sinal do cumprimento do “Havemos de voltar” (a maneira dos nossos irmãos retornando das terras de longe). Nota-se igualmente o facto de muitos negros célebres recorrerem aos testes de DNA para determinar cientificamente, as regiões de Africa das suas genealogias. Foi assim o caso do Actor Isaiah Washington, que os resultados dos seus testes concluiram que a sua parte paterna é Angolana, do grupo etcnico Umbundu e a parte materna, na Serra-Leoa. Estas iniciativas, podem parecer insignificantes ou mesmo decorativos aos ouvidos e olhos de alguns dos nossos compatriotas, crónicamente pessímistas. Todavia é justo afirmar que há novos sinais que indicam o ganho de consciência da geração emergente de Africanos e os seus irmãos na America, para um novo rumo para os Africanos e os seus Dispersos.

Os Afro-Americanos e os seus irmão em Africa, estão separados pelo oceano, mas tiveram sempre ligações de sangue. Foi isso que fez com que houvesse sempre vozes que clamavam e ainda clamam alto, para uma ligação inquebrantável dos Dispersos da Terra-Mãe-África. Foi o que motivou o célebre líder Malcom X, num dos seus discursos ao afirmar que:
“… Estar na mesa não implica necessariamente ser servido, a menos que você coma algo servido no prato. Estarmos aqui na America não nos torna Americanos. Ser nascido aqui na America, não nos faz necessariamente Americanos…”

É por estes e motivos e outros ligados a uma historia complexa dos povos Africanos e da sua Dispersão, e vista a conjuntura das mudanças (ainda que tímidas) que se verificam nos sectores económicos e politicos no continente , que se evidenciou para os “brothers” noutro lado do Atlântico, convencerem-se que é chegado o momento de os irmãos de sangue, se reunirem para construirem uma nova África, em beneficio não sómente dos Africanos, mas em última instância, para o bem estar de toda a humanidade.

O tempo de cooperação efectiva entre irmãos é agora, sim. Urge responder…presente! Temos que atender a este clamor, esta chamada historica, neste século (21) e neste novo… milénio.

Bibliografia:
· From Conflict to Recovery in Africa (Oxford University Press, April 1, 2003)
· Robert L. Johnson: Fundador da BET (Black Entertainment Television)
· Up from Slavery - Booker T. Washington - (Signet Classics)
· The Covenant with Black America (Third World Press USA Edition 2006)
· Malcom X (http://www.malcolm-x.org/quotes.htm)
· Oprah Gail Winfrey: Apresentadora de televisão Norte-Americana, vencedora de múltiplos Prêmios Emmy por seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk show com maior audiência da história da televisão norte-americana. É também uma influente crítica de livros, uma actriz indicada a um Oscar pelo filme A Cor Púpura, e editora da revista O, The Oprah Magazine. De acordo com a revista Forbes, Oprah foi eleita a mulher Negra mais rica do século XX, a negra mais filantrópica de todos os tempos, e a única pessoa negra bilionária por três anos seguidos. Ela também é, de acordo com a mesma publicação, a mulher mais influente e rica do mundo e, no ano passado, embolsou mais de um bilhão de dólares.

dezembro 03, 2006

O uso indevido do epíteto "Nigger/Nigga" pelos Rappers ...

Por: Avelino A. Kalunda

Alguns jovens que dentro e fora do nosso país procuram exprimir as suas opiniões e mensagens ou experiências de vida, através do estilo de musica “Rap” usam a palavra ‘’’Nigger ou nigga’’, sem se darem conta (provavelmente) de estarem a perpetuar uma suposta característica rácica negativa do homem Africano. Para fazer uma retrospectiva sobre este epíteto (Nigger /niga), interessa recordar a origem desta palavra.
No período mais sombrio da discriminação dos povos Africanos/pretos, esta palavra foi usada para descrever os povos deste continente como sendo: Brutos desprovidos de intelecto humano respeitável, animais sexuais, intelectualmente atrasados, homem/mulher perpectuamente-criança, negligente da sua família biológica. Todos estes atributos negativos, foram associados na palavra “Nigger ou nigga”. A etimologia da palavra Nigger (nigga) pode ser traçada no latin (Nero), significando preto. O latin Nero tornou-se substantivo negro (pessoa negra). No Francês moderno, Niger começou a chamar-se de negre e mais tarde, négresse (mulher negra). Todos estes nomes faziam parte do lexico histórico.
Esta palavra Nigger (Niga) é por isso pejorativa. No Inglês que antecedeu o actual, as variantes eram: negar, neegar, neger e niggor – que se desenvolveu para um léxico semântico paralelo na mesma língua. Supõe-se que nigger (niga) resulta da pronunciação errada da fonética, pelos Euro-Americanos (brancos) do sul dos Estados Unidos da América. Mas não importa a sua origem, o que vale aqui realçar é que este epíteto foi firmemente definido como palavra negativa, pois era/é usada para descrever negativamente os povos Africanos/pretos. Dois séculos depois, esta palavra representa o símbolo do racismo branco.

O que na maior parte do tempo, alguns jovens com talento artístico omitem levar em linha de conta, é que tudo que é negativo, é pintado de negro e isso não é/foi um acaso: Mercado negro (mercado ilegal); dia negro (dia triste); Zwarterijders [passageiro preto!] (passageiro dentro dum autocarro ou trein, tram ou metro, sem titulo de transporte - em Holandês), magia negra, a cor do diabo é preta, blackmail (chantagem), denegrir (rebaixar, desvalorizar) … etc., etc. E agora o inverso: A pomba da paz é representado pela cor branca, e mesmo nos Dicionários - o branco é definido como: Puro, ingénuo, imaculado, pacífico, divino etc. A esse propósito, no seu último livro, Tavis Smiley*1 escreveu: ‘‘As palavras têm significado – elas não são arbitrárias – as palavras têm poder – as palavras podem conter a força de amor ou de ódio’’.

Por estes motivos, a palavra Nigger (niga) foi (é) usada para justificar o desprezo dos Africanos, duma maneira precisa (o homem/mulher preto/a). Seja quando é usada como substantivo ou adjectivo, ela reforça o estereotipo que descreve o Africano como um sub-humano.

Neste contexto, por esta palavra ter sido importada do estilo dos artistas (Rappers) Afro-Americanos, seria sensato os nossos rappers se situarem no tempo e espaço. Verifica-se nestas últimas duas semanas nos U.S.A. uma polémica sobre o uso desta palavra ‘Nigger’ pelo comediano, Michael Richards*2, que depois de ter perdido o seu temperamento no palco, chamou alguns assistentes Afro-Americanos de ‘niggers’ por estes aparentemente exprimirem objecções durante a apresentação do seu monólogo cómico na plateia. Ele chamou nomes a dois jovens Afro-Americanos ao dizer :

Estes niggers têm sorte, porque se eles tivessem que fazer estas objecções nos anos ‘50, vos enforcava como bestas’’- (com estes termos, este comediano referia-se aos linchamentos de pretos nos Estados Unidos da América, no referido período). Usou igualmente termos explícitos para querer dizer que os pretos não passam de sub-humanos. Estes e outros epítetos eram usados com mais frequência contra a Diáspora Africana (e não só) nas décadas de … 40, 50, 60, 70 e mesmo 80. (…).
Como punição, este comediano, não sómente pediu perdão publicamente na televisão, como também foi obrigado a re-encontrar-se com os dois jovens a quem dirigira os tais insultos, para duma certa maneira ser perdoado pela comunidade Afro-Americana, e isso depois de ter pedido perdão aos líderes da comunidade, os Srs. Al Sharpton e Jesse Jackson.

Verifica-se por isso, actualmente na comunidade Afro-Americana, uma mobilização, para obrigar as instâncias superiores do país, a classificarem esta palavra como ‘Hate word’ (palavra que excita ao ódio) para fazer com que alguém que fosse ouvido a usar o mesmo epíteto, seja punido judicialmente.

Das muitas personalidades actuais de peso na sociedade Americana envolvidas na luta para a abolição deste epíteto, destaca-se a Sra. Oprah Winphrey! E foi criado para o efeito um website (abolishthenword.com), onde na sua página de introdução desfilam as imagens horrendas de vítimas de racismo, com o texto a fazer lembrar o visitante:‘‘Every black person who was murdered by lynching was (probably) called Nigger first. … So, why use this word now?’‘ (Toda pessoa preta morta no linchamento foi [provavelmente] chamada de ‘Nigger’ antes de o matarem. Assim, sabendo da historia desta palavra, porque usa-la mais, agora?).

É importante recordar, que o respeito que se pode esperar dos outros povos depende de nós mesmos. Fica por isso incompreensível se exaltar quando um branco chama um Africano de ‘nigger’, e ao mesmo tempo não chamamos a razão os nossos “poetas/artistas” que não param de promover o mesmo epíteto. Os membros da nossa sociedade residentes dentro ou fora do país, com talento artístico, peritos na improvisação de rimas em fim… com dons de transmitirem as suas opiniões, as suas experiências de vida através da música rap, deveriam pautar pela originalidade e mais respeito pelo percurso da nossa existência como povo digno de respeito e admiração.
Como escreveu um dos grandes homens, Frederick Douglass:
“…Onde a ignorância prevalece e onde uma classe de gente sentir que a sociedade é uma conspiração organizada … para degradar as outras pessoas, correm-se os riscos de um mau relacionamento entre elas‘’ *3.

Final: Parar com esta forma de denominar e considerar a pessoa não branca, é honrar a nossa história, é respeitar a memória colectiva, evitando desta maneira banalizar as humilhações a que foram submetidos os nossos antepassados e em última instância é valorizar a história heróica dos nossos povos.
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Referências Bibliográficas :
*1 – What I know For Sure, pág. 93, - Doubleday Publisher - 2006 (Tavis Smiley)
*2 –
www.blacknews.com
*3 – Discursos de Frederick Douglass (Preto abolicionista , Abril 1886 [viveu de 1817-1885] )

novembro 25, 2006

Para onde vamos, Angola

Por: Avelino A. Kalunda
Muitas vezes acreditamos (por descuido ou ingenuidade dissimulada, provavelmente) que quando se fala de riqueza, implica necessariamente dinheiro ganho e bens acumulados por um país ou seus habitantes. Certamente podemos pensar que a riqueza é determinada pela possessão de propriedades por membros duma sociedade. Recentemente ao fazer a leitura de num jornal económico, encontrei um texto publicitário que está assim: “O saber é capital. O resto é apenas dinheiro”. Este texto motivou-me a escrever as linhas que seguem, sustentadas com algumas buscas nos livros lidos e debates na Rádio, televisão e jornais-online, sobre os sectores de ensino, não somente em Angola como noutros países também. A simplicidade e a forma eloquente deste texto publicitário levou me a indagar sobre a percepção que em muitos casos (senão sempre) podemos ter sobre a riqueza no nosso país.

Depois de uma reflexão, conclui que de facto, o potencial para o nosso progresso (social, económico, tecnológico …) ou a pobreza, depende em grande parte, da riqueza gerada a partir do nosso capital do saber e tecnológico e não necessariamente dos minerais que abundam no subsolo do nosso país ou nos pedidos de atenuações de dívidas externas e o mendigo a assistência exterior.

Dito isto, é importante afirmar que deveriamos apostar, agora mais que nunca, a titulo individual e colectivo, no investimento educacional e no incentivo da massificação de tecnologias nas escolas e criar mais centros tecnicos afins, em todas provincias do país. Se reconhecermos esse problema, penso ser oportuno inquirir:Para onde vamos Angola?Em alguns países (França*1, Estados Unidos*2, Holanda*3), o sector de educação não é bem pago (baseando-se no custo de vida de cada país); e pelos vistos Angola*4 ainda não fez excepção!

Neste quadro, e no caso do nosso país (Angola), é justo perguntar que se a lapiseira é uma arma mais poderosa que a espada, porquê é que o professor não ganha mais que um empregado de balcão? Como se pode justificar um enfermeiro ganhar o mesmo que um porteiro? Ou um bagageiro mais que um bombeiro?
Ao sermos honestos connosco mesmo e ter a consciência destas disparidades, nesta fase, no nosso país, e darmos conta de que o capital do saber é mais importante, então deveriamos agora, promover vigorosamente a renascença de Angola. Esta renascença poderá nos colocar (penso modestamente) numa posição mais respeitável em África e no resto do mundo. (…). O respeito que se pode esperar dos outros (povos), depende da acumulação do saber duma sociedade; é o saber que poderá servir como motor para o desenvolvimento económico do país (Angola), do povo (angolano) e da sociedade (Angolana).
É de ter fé que quando a maioria dos homens e mulheres do saber no nosso país nutrir no seu quotidiano as novas ideias (tomara que seja ainda no decorrer deste século!) - ideias que actualmente beneficiam a Europa, a América e a Ásia; veremos no curto período de tempo, uma Angola mais digna. Sem o ganho desta consciência, nos será impossível sair da indeferença em que ainda nos encontramos. A fuga de quadros para os países que oferecem melhores condições de trabalho, onde a riqueza de cada indivíduo é mais justificada pela aplicação de paradigmas meritórios, é que faz com que por exemplo, a literatura Africana, duma maneira geral é mais lida em Paris, Londres ou Nova-York e não em Luanda, Maputo ou Praía.
Quando a maioria dos homens e mulheres do nosso país ganhar plena consciência, que de facto, o saber é mais importante e que o resto é apenas dinheiro, então, poderemos ter mais confiança no futuro. Até lá, e enquanto não darmos o devido valor a maior riqueza que temos (os homens e mulheres formados), é justo exclamar ou nos interrogar: Para onde vamos Angola?

Referências bibliograficas:
*1 - Débat sur les salaires des professeurs en France, sur France2 (canal 2 da Televisão Publica Francesa, Outubro 2005).
*2 - The Audacity of Hope, pág. 161-162, - Crown Publisher - 2006 (Barack Obama)
*3 - www.nrc.nl (jornal Holandês - online)
*4 – SINPROF (Rádio Eclesia – Nov. 2003)

junho 08, 2006

«Nós» e o Repúdio do Termo «Ngóia»

Por: Reis Luís “Mbwango”
Desta vez, escrevemos este artigo visando revelar o sentimento linguístico da vasta Comunidade da Província do Kuanza-Sul radicada em Angola e no exterior, representada por diversas organizações locais e as Autoridades do Poder Político Tradicional.
Todos «Nós» recebemos com profunda honra e gratidão a inserção no mosaico linguístico da Rádio Nacional de Angola (RNA) a língua que aproxima a grande maioria dos municípios daquela Província. Através do Canal N’gola Yetu da nossa Rádio, ela está a ser escutada por milhares de angolanos.
Bem haja o povo angolano e a cultura nacional!É nossa fé e verdade que a língua não só veicula construtos e valores culturais de cada povo, como revela fundamentalmente o próprio homem – um homem que se revê e reencontra nas suas experiências e realizações a dignidade cultural da sua história. O valor que nos une ao mesmo espaço geopolítico, obriga-nos, apodicticamente, ao diálogo de línguas, à aproximação e respeito das nossas diferenças.
À luz da investigação iniciada pela ASNAC (Associação dos Naturais e Amigos da Cela), no Waku-Kungu, cujos resultados serão compilados numa obra escrita em próximos anos, a palavra “ngóia” remonta ao período dos Kilombo (pousada de viandantes). Sendo o Município da Cela uma zona fronteiriça com o Bailundo, Kassongue e Bié (ovimbundus) e em virtude da escassez dos produtos do litoral (sal e peixe) e os inevitáveis contactos entre diferentes povos devidos aos movimentos migratórios, a Cela (de Zela = ndandi ia) serviu de travessia, fazendo da encosta da montanha Kambandua que, por ignorância culpável e generalizada, é designada de “ngóia”, um kilombo. Kambandua é, portanto, uma das grandes montanhas situadas a sudoeste da cidade do Waku-Kungu.
Em toda a parte do mundo, as zonas fronteiriças e não só, com povos de diferentes línguas, o estrangeirismo (presença de palavras de outras línguas numa língua) é um facto de todo em todo indesmentível. Conquanto essa realidade não é aferível em sede da temática Bantu nem dela se infere. Historicamente, debaixo da montanha Kambandua vivia um chefe de família que dadas as situações de segurança e protecção do seu clã não mantinha boas relações com os viandantes que pousavam próximo da sua pequena comunidade. Dessa fricção e da não hospitalidade que os viandantes esperavam do chefe de família daquela comunidade sedeada no actual Município da Cela, surge por alcunha a palavra “Olongoia”, cujo percurso semântico socorrer-se-á denotativa ou figuradamente da língua umbundu.
Um nome é dado porque tem referentes e sentido (significado) e simbolismo que enforma o espírito de cada língua. O nome encerra um simbolismo cultural que se traduz na ideia de presença e protecção; pelo nome evoca-se, vê-se o ausente. O nome remete-nos a uma língua e esta a um determinado grupo etnolinguístico. “Ngóia” é um nome que tanto por composição quanto pela derivação não tem acomodação no acervo linguísitico do grupo ambundu de que somos parte. E como não é demonstrável em Cela ou Kimbundu é refutável; e como não tem fundamento nem relações lógicas que nos permitam confirmá-la deve-se infirmá-la, pois o nome não significa apenas, mas fundamentalmente revela e coloca o homem na sua cultura.
É em respeito à identidade linguístico-cultural do povo e por se julgar ilícito falsear a identidade de um povo com dignidade moral e cultural próprios que não nos pautamos em meras constatações determinadas pelas concepções de carácter pragmatista (ngóia significa pelo uso) ou empirista clássica orientada pelas definições ostensivas que anatam a semântica.
A propagação do termo “Ngóia” deveu-se às seguintes razões: 1) As comunidades naquele tempo consumiam a informação sem a contra-informação (nevoeiro informacional).
2) Os viandantes entravam com maiores facilidades em contacto com as diferentes comunidades, fazendo correr e generalizando para todos a alcunha “olongoia” em referência ao kilombo.
3) A nominação das línguas é produto da racionalidade europeia – isto para dizer que as línguas não tinham nome. O homem e a língua, em África, neste nosso continente, respondem à mesma natureza.
Nunca ninguém se preocupou em dar nome à língua, porque esta é a revelação do próprio homem na sua história, cultura e lugar. A nossa sugestão é que de Ngóia se passe à língua KISOKO no Canal N’gola Yetu da nossa RNA. Em respeito à identidade linguística e à vontade do povo, sugerimos nomes que signifiquem e traduzam as experiências culturais do homem na sua língua, como por exemplo, KISOKO. Entre «Nós», o homem da Cela, no Waku-Kungu, é Kisoko do homem da Quilenda, Libolo, Porto-Amboim, Mussende, Ebo e Kibala. Essa palavra (Kisoko) não só significa, mas age na pessoa.
Transmite um sentimento de unidade, amizade e solidariedade. É uma palavra latente em «Nós» mesmos e assumimo-la culturalmente como uma palavra-chave nas relações interpessoais. O modo como os “kisoko” trocam palavras entre si e agem por excesso de confiança faz-nos ler, de facto, a cultura como vivência e não um mero joguete nominalista.Em várias partes do Kuanza-Sul é comum ouvir-se dizer que “aqui fala-se Kimbundu do Kuanza-Sul”, precisamente para diferenciá-lo do Kimbundu de Malange, Bengo, Luanda, Kuanza-Norte, já que se trata de um mesmo grupo etno-linguístico, diferenciado apenas pela dicção, variações no que toca à expressividade, mas permanecendo o sentido genérico.
Portanto, KISOKO é um termo que aglutina a esmagadora maioria dos sentimentos das comunidades sedeadas nos Municípios da Província de Kuanza-Sul. Esta vontade – de preferirmos KISOKO pelas razões apresentadas – tinha sido já manifestada muito antes de aprovar a inserção de uma língua do Kuanza-Sul na grelha da RNA.
Que de “Ngóia” se passe à KISOKO. É este o nosso profundo desejo. Enfim, que sejam respeitadas as opiniões das maiorias (e das minorias também)! Pelo menos é assim que nos ensinam as democracias hodiernas.

*reisluis2000@yahoo.com.br