dezembro 29, 2007

O falhado boicote Britânco contra Mugabe

Por: Avelino A. Kalunda

No que se tornou posição tradicional do governo Britânico, o primeiro-ministro Gordon Brown ameaçou não participar na Cimeira Europa-Africa se o presidente Zimbabueano for também convidado a participar!

Por outro lado, e de acordo com alguns analistas económicos, a cimeira prevista para Dezembro deste ano, em Lisboa-Portugal, é uma oportunidade impar para a União Europeia retomar o terreno de negócios visivelmente a ser ocupado pela Republica da China, cujos laços com a África subsaariana nos últimos dez anos, tomou proporções inquietantes para os Europeus.

O que é verdade é que as trocas comerciais da China com a África começaram dos dez mil milhões em 2000 para quarenta mil milhões de Dólares Americanos em 2006, enquanto continua inexorável a expandir as suas influências em África com mais agressividade, cada mês que passa. A presença da China em peso na região Sub-sahariana deste continente tem contribuido no crescimento [...] económico desta ultima; e curiosamente, a China tem como objectivo ajudar zimbabwe, ao inclui-lo no conjunto de projectos que tem para a África, o que em última análise nulificam as ameaças do governo Britânico em boicotar a cimeira.

A luz desta realidade, a maioria dos governos membros da União Eurpeia não estão a ver de bons olhos (nem mesmo ouvidos), a posição paternista do primeiro-ministro Britanico.Porém em 2003, a pedido do governo Britanico liderado por Tony Blair e alguns membros da União Europeia, o boicote da conferência teve efeito, por causa do convite que tinha sido endereçado a Mugabe.Mas em poucos anos, o contexto geopolitico mudou a percepção que maioria dos membros da União Europeia tem do seu destino económico. Desta feita, e como em 2003, a maioria dos lideres Africanos juraram unir vozes a favor do governo/povo zimbabweano!

O presidente Zambiano, Levy Mwanawasa por exemplo, afirmou que não participaria na cimeira se o presidente democraticamente eleito não for convidado no evento. O presidente Zambiano lidera o grupo de catorze (14) nações Africanas envolvidas no processo de ajudar aquele país irmão a sair da crise economica sem precedentes em que se encontra. “Não irei a Portugal se o presidente Mugabe não for autrizado a participar no evento, e não vejo como é que os demais presidentes prepararão as suas participações no mesmo, sem um dos seus,” asseverou o presidente Levy Mwanawasa. E mesmo se isso não apareça como surpresa, o facto interessante é que já há dirigentes Europeus que considerarem o comportamento do primeiro ministro Britanico, Gordon Brown, de retrogrado.

Para o comissário Europeu, Louis Michel, “esta não é uma cimeira União Europeia-Zimababwe. É sim, África-Europeia, que pode e vai tratar de questões estratégicas.” Como relatado num dos artigos publicado em 20 de Setembro do corrente, na Reuters África, uma fonte diplomática portuguesa próxima da presidência Europeia, manifestou posições análogas. No referido artigo, foram publicadas passagens como: “Será muito difícil não convidar Mugabe. Se isso for o caso, muitos líderes Africanos boicotarão pura e simplesmente a cimeira, o que causaria embaraços sérios nos planos da União europeia em relação África.”

Obviamente, Portugal que preside actualmente a União Europeia, vê a realização deste evento como um sucesso da sua presidência e tem por estes motivos (e outros), feito o máximo para que esta cimeira tenha lugar com ou sem Gordon Brown. Assim sendo, conclui-se que não serão as ameaças da não ida do actual primeiro-ministro Britânico que impedirão a realização do tão esperado encontro. De acordo com a mesma fonte (relatado no artigo), “Brown não estará em posição política para participar na cimeira. A questão que se põe é se pelo menos o governo Britânico será representado, ainda que a nível inexpressivo.”

Conclui-se por isso que nada indica, segundo estas citações, a mais um cancelamento da cimeira Europa-Africa.

Numa análise final, esta situação reforça e vindica os pioneiros da união união Africana como: Marcus Garvey, Kwame N’Krumah, Leopold Sedar Senghor e os que advogaram e ainda advogam a neessidade da União dos Africanos: Aimé Césaire, A. Agostinho Neto, Cheikh Anta Diop, Louis Farrakhan, van Sertima, Dr. Cornel West …

Seria um tributo a todos que consagraram parte do tempo das suas vidas para este continente, ver a África neste período geopolítico volúvel, começar a entender que a UNIÃO é uma das chaves para o respeito dos povos Africanos.

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