junho 17, 2007

O tempo da cooperação Afro-Americana Africana

Por: Avelino A. Kalunda

É actualmente uma realidade que a África está sendo (como se não fosse o caso, durante séculos!) o continente de passagem obrigatória pelos governos das nações tidas como fazendo parte do primeiro mundo e não só. Houve uma mudança na percepção de África, na opinião dos países ocidentais e Asiáticos, passando pelo genocídio no Rwanda, Darfur, até a victória do povo Sul-Africano, no desmantelamento do sistema do apartheid; na luta pela abolição do famegerado comercio de “Diamantes de Sangue” e a consequente preocupação para manter a estabilidade politica nos países em desenvolvimento no continente.

Há razões ecónomicas e estratégicas neste interesse pelo continente. Um deles tem haver com os recursos naturais ainda por explorar, que abundam no subsolo de certas regiões deste continente e que são de importância determinante para manter o funcionamento das indústrias naqueles países. Exemplo: O petroleo. A crescente influência da República Popular da China neste continente, é uma prova inequívoca.
A China aumentou a sua presença em Africa, o que tem deixado os Estados Unidos e os seus aliados Europeus, em estado de desespero. Alguns especialistas em relações internacionais e analistas económicos Europeus e Americanos, já começaram a apontar dedos a “Bodes Expiatórios” sobre esta nova realidade concretizada nos últimos 7 a 10 anos, ao declarem por exemplo, que foi a negligência do governo Americano e dos seus aliados Europeus, que permitiu este surgimento “súbito”(?) da China, no que tudo indica, custamava ser (…) o “pré-carré” Europeu, durante séculos e mesmo depois das “independências” de muitos estados Africanos.

Pelo que tudo indica, os grandes conflictos em África são casos em que aqueles países querem também fazer parte na resolução dos mesmos, agora e no futuro. Isso é o que explica por exemplo, as declarações recentes do actual ocupante da “White House”, o presidente Jorge W. Bush, tomar posições públicas a favor deste continente (ainda que aparentemente (?) de forma decorativa […] ). Para os Afro-Americanos e os Africanos: Chegou o tempo de cooperação! Neste momento, muitos Afro–Americanos, consideram esta fase de ímpar, no estreitamento das relações entre os estados Unidos da America e o continente Africano.
A natureza das relações entre os Afro-Americanos e nativos Africanos é muito complexo. Ambos olham para cada lado com admiração mas também com disconfiança. Mas não obstante estes sentimentos conflictuosos, o futuro de Africa vai também jogar a favor ou contra o futuro dos negros Americanos, porque no mundo global na qual vivemos, o futuro de cada povo, está interdenpendente do outro.

Nos estados Unidos da America houve e tem havido debates entre os Negros Americanos, discutindo sobre a possibilidade de muitos deles se estabelecerem na terra Mãe/África ou ajudar mais significativamente os seus irmãos e irmãs que aqui vivem. A história ensina que sem recursos e influência necessárias para que isso aconteça, não se conseguirá resultados visíveis ou não pode nem ocorrerá absolutamente nada. Mas os tempos mudaram e continuam mudando.
Com o aumento da influência politica e do poder económico, a comunidade Afro-Americana, começa a criar as suas influências nas regiões que eles consideram de muito importantes no futuro próximo. Como prova disso, o congressista Afro-Americano, Donald M. Payne - Democrata presidente do Sub-Comité para a África e membro do Comité dos Negocios Estrangeiros, ao longo dos anos, pressionou a que muitos investimentos fossem feitos não sómemente nas infrastructuras mas também, nos recursos importantes destas nações, que são os seus povos, e em particular na juventude, como força motriz de qualquer país.

Na vertente económica, personalidades influentes Afro-Americanas como o Sr. Robert L. Johnson, encabeçou recentemente uma delegação de homens de negocios para Liberia. O objectivo principal da referida visita foi de estabelecer um diálogo com a presidente eleita do país, Ellen Johnson-Sirleaf, sobre as oportunidades de negocios naquele país Africano depois de muitos anos de Guerra que delacerou o país (a exemplo de Angola). Esta viagem é um sinal de que depois de muitos anos de “sonolência”, a Dispersão Africana nos Estados Unidos da America, começa a dar conta do recado, sobre a importância que as outras nações têm estado dando a África .

Não obstante o desinteresse aparente dos negros Americanos em relação a terra dos seus ancestrais, houve sempre vozes que se lavantaram, para activar uma cooperação mais efectiva. Dentre muitas destas personalidades, destacam-se o Sr. Andrew Jackson Young, Jr., o carismático Louis Farrakhan e tantos outros anónimos que raramente passam na emprensa predominante no país do ‘uncle Sam” (para não falar dos mídias aqui em Africa).

Em relação ao sector de ensino, um dos símbolos de sucesso e excelência Americana, a Sra. Oprah Winfrey investiu 40 milhões de Dolares na construção na Africa do Sul, duma Instituição de Ensino denominada: “The Oprah Winfrey Leadership Academy for Girls”, aberto recentemente, destinada a meninas vindas de familias desfavorecidas mas com bom aproveitamento escolar naquele país. A referida escola, recheada com os últimos meios de tecnologia que uma instituitição moderna deve ter, constitue um sinal do cumprimento do “Havemos de voltar” (a maneira dos nossos irmãos retornando das terras de longe). Nota-se igualmente o facto de muitos negros célebres recorrerem aos testes de DNA para determinar cientificamente, as regiões de Africa das suas genealogias. Foi assim o caso do Actor Isaiah Washington, que os resultados dos seus testes concluiram que a sua parte paterna é Angolana, do grupo etcnico Umbundu e a parte materna, na Serra-Leoa. Estas iniciativas, podem parecer insignificantes ou mesmo decorativos aos ouvidos e olhos de alguns dos nossos compatriotas, crónicamente pessímistas. Todavia é justo afirmar que há novos sinais que indicam o ganho de consciência da geração emergente de Africanos e os seus irmãos na America, para um novo rumo para os Africanos e os seus Dispersos.

Os Afro-Americanos e os seus irmão em Africa, estão separados pelo oceano, mas tiveram sempre ligações de sangue. Foi isso que fez com que houvesse sempre vozes que clamavam e ainda clamam alto, para uma ligação inquebrantável dos Dispersos da Terra-Mãe-África. Foi o que motivou o célebre líder Malcom X, num dos seus discursos ao afirmar que:
“… Estar na mesa não implica necessariamente ser servido, a menos que você coma algo servido no prato. Estarmos aqui na America não nos torna Americanos. Ser nascido aqui na America, não nos faz necessariamente Americanos…”

É por estes e motivos e outros ligados a uma historia complexa dos povos Africanos e da sua Dispersão, e vista a conjuntura das mudanças (ainda que tímidas) que se verificam nos sectores económicos e politicos no continente , que se evidenciou para os “brothers” noutro lado do Atlântico, convencerem-se que é chegado o momento de os irmãos de sangue, se reunirem para construirem uma nova África, em beneficio não sómente dos Africanos, mas em última instância, para o bem estar de toda a humanidade.

O tempo de cooperação efectiva entre irmãos é agora, sim. Urge responder…presente! Temos que atender a este clamor, esta chamada historica, neste século (21) e neste novo… milénio.

Bibliografia:
· From Conflict to Recovery in Africa (Oxford University Press, April 1, 2003)
· Robert L. Johnson: Fundador da BET (Black Entertainment Television)
· Up from Slavery - Booker T. Washington - (Signet Classics)
· The Covenant with Black America (Third World Press USA Edition 2006)
· Malcom X (http://www.malcolm-x.org/quotes.htm)
· Oprah Gail Winfrey: Apresentadora de televisão Norte-Americana, vencedora de múltiplos Prêmios Emmy por seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk show com maior audiência da história da televisão norte-americana. É também uma influente crítica de livros, uma actriz indicada a um Oscar pelo filme A Cor Púpura, e editora da revista O, The Oprah Magazine. De acordo com a revista Forbes, Oprah foi eleita a mulher Negra mais rica do século XX, a negra mais filantrópica de todos os tempos, e a única pessoa negra bilionária por três anos seguidos. Ela também é, de acordo com a mesma publicação, a mulher mais influente e rica do mundo e, no ano passado, embolsou mais de um bilhão de dólares.

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